segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O desencontro do encontro

"Nossa história foi um conto de fadas que acabou num conto de falhas, conto que esse sobre qual não falas e sobre o qual penso nas horas vagas!”


Queria que fosse simples apagar-te do coração. Queria que meu coração me ouvisse quando murmuro: “Esquece, acabou, segue, foi tudo ilusão”. Foi ilusão apenas o acreditar que duraria. Quis que tivesse durado mais uns meses, semanas, dias, horas, minutos, apenas mais uns segundos. Sim mais uns segundos. Assim teria segurado meu mundo mais uns segundos. Teria acreditado em nós mais uns segundos. Teria sorrido mais uns segundos. Teria-te mais uns segundos. Mas segundos foi o tempo que demorou a tudo desabar. Porque demora-se tanto a alcançar a felicidade e apenas segundos para a tristeza nos alcançar?
Lembraste quando me pediste para tratar o teu coração como se fosse o meu que estava na minha mão? Assim o fiz. Lembraste que te pedi o mesmo? Foi assim que trataram o teu coração? Então porque quando eu quis tratar dele como ninguém outrora fez, tu deixaste o meu cair? Quiseste causar em outrem o que causaram a ti? E como te sentiste? É que eu senti o meu coração a cair num poço de agulhas. Ainda hoje estou a tirar as últimas agulhas do tombo.
E sem saberes, tens uma parte dele contigo. Levaste contigo quando viraste costas e seguiste teu caminho. Eu tentei seguir-te, não para me devolveres o que levaste, mas para caminharmos lado a lado de novo. Pensei que caminhávamos na mesma direcção.
Estava errada. Tentei que nos encontrássemos a meio do caminho, mas vi que não virias.
Deixaste-me para trás. Nem olhaste para trás. Não olhaste para reconsiderar esperar por mim. Não olhaste nem para ver o estrago que causaste.
Sinto que fui o apeadeiro na tua viagem. O intervalo da tua vida. A nota no fundo da página do teu livro ou a página rasgada. A memória perdida, quiçá esquecida.
Morreram as borboletas, pararam os batimentos loucos do coração, a pele deixou de se arrepiar na troca de olhar. A alma que despiste, sente frio. As cicatrizes que beijaste, doem. As cores que em mim pintaste, são agora apenas de tom cinza. Meu amor viveu em ti. Agora é sem abrigo. Mas sabes, não me arrependo de nada. Doeu, dói mas se doeu foi porque foi bom enquanto durou. Fui feliz. Sorrí. Por momentos, meu mundo foi melhor. E por momentos tive a ilusão que te tinha. Naqueles momentos, tirei-te da monotonia e agitei a tua vida. No fundo acredito que signifiquei algo. Mesmo que tenha significado um erro. Não sei. Nunca saberei o que signifiquei. Sei apenas que quero acreditar nisso. Serve-me de conforto, quando tudo o que vivemos, despoletado por tanta coisa, vem à memória como se fosse um filme. Eu fecho os olhos para parar. Luto para parar. É em vão. E por vezes sorrio, outras choro. Confesso que choro mais. Um dia irei somente sorrir.
Um dia será somente uma história, um conto, a inspiração que tanta tinta escorreu.
Um dia serás o ponto final antes do inicio de outra história.









terça-feira, 10 de novembro de 2015

Teimosia


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Dei-te o poder de me magoar

Três anos. Tempo passou rápido. Há três anos atrás decidi dar tempo ao coração. Tempo para recuperar de tanta pancada. Tempo para olhar para cada cicatriz em si. Tempo para refletir.
Durante três anos, aprendi a estar sozinha, sem a companhia do amor. Aprendi a aproveitar o espaço vazio na cama. Aprendi que abraçar a almofada não é vergonha. Aprendi que no outono nem todas as folhas caem. Aprendi a dançar na chuva fria do inverno. A primavera mostrou-me a liberdade de caminhar sozinha e o verão...Bem o verão trouxe-me mais perto do mundo no qual posso ser feliz sozinha, Até que, ao fim de três anos, a vida achou que estaria na altura do coração sentir algo de novo, assim o destino colocou-te na minha vida, e nem dei por isso. Quis resistir. Tu quiseste resistir. Tentámos e falhámos. A química era explosiva. A cumplicidade única. A ligação era sobrenatural. Parecia que nos conhecíamos desde sempre.
Continuámos a resistir, até ficarmos isolados do mundo e olhámos um no outro e beijámo-nos. Nesse momento ficámos à nora com as sensações e sentimentos. Decidimos viver um dia de cada vez, sem promessas e sem sentimentos fortes. Que ingénuos. Cada momento juntos era diferente, mas igualmente único. Duas pessoas adultas, viravam crianças juntas. Ríamo-nos das coisas mais idiotas, falávamos de tudo e não tínhamos vergonha de chorar agarrados ao outro. Vi alguém forte de personalidade, a baixar as suas defesas comigo. Vi o coração cheio de bondade. Fui porto de abrigo. Fui caixinha de segredos, que guardarei até morrer. E sem dar por isso apaixonei-me. Apaixonei-me pela tua luz e pela tua escuridão. Vi em ti mais que um corpo, mais que uma aventura ou desafio, Vi em ti, um coração bom, alguém com quem podia ser eu mesma. Quando dei por mim, apaixonei-me. Disse-te. Ficaste sem reação. Disseste que não sabias se sentias o mesmo. Tudo seguiu igual.
Mas em tudo que fazias, em tudo que dizias, "Viraste minha vida do avesso e gosto", "Infinito" e forma como olhavas-me e tocavas, eu sabia que sentias o mesmo. Isso assustou-te.
Isso levou-te a afastares-te. Viraste costas a nós. Usaste frieza para me afastar. Magoaste-me para eu seguir noutro caminho, quando viste que só assim eu desistia.
Mas não antes de fazeres acreditar que não fui nem fomos um erro, que não te arrependias de nada, até te culpaste de me magoar. Depois foste viver a tua vida como se o nós nunca tivesse existido.  Hoje digo-te, a culpada sou eu, dei-te o poder para me magoares, a culpada por ter acreditado que te fazia feliz, por ter acreditado que era especial na tua vida, acreditado que podia ter-te para mim, culpada por ter teimado mesmo depois do fim. Mas hoje posso dizer que me libertei das amarras que me prendiam a ti, que se fui feliz sozinha, antes de ti, também o voltarei a ser depois de ti.
Hoje sei que não fomos um erro, mas se para ti foi tudo enterrado, então eu jogo tudo ao fundo do mar, para que a pureza de meu sentimento e as memórias guardadas numa caixinha se mantenham sempre. No coração estarás sempre presente como uma das mais belas cicatrizes. Começámos como se nos conhecêssemos desde sempre, partilhámos histórias e segredos e hoje falamos como se fossemos meros conhecidos, cada vez mais distantes. Mas não posso lutar por lugar na tua vida e permanecer como tua melhor amiga, se não me quiseres assim.  Assim volto à realidade. Volto à estrada que tomei há três anos atrás. Viajo com mais bagagem. Viajo sem destino conhecido. Mas prossigo viagem. Viajo sem saber se algum dia chegarei ao destino desconhecido. Mas sigo viagem. Esta é a minha maneira de iniciar a viagem, escrevendo.Talvez nos vejamos por aí, talvez como uma vez me disseste "When it's time for souls to meet, there's nothing on earth that can prevent them from meeting, no matter where each may be located on planet Earth.".