quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Dei-te o poder de me magoar

Três anos. Tempo passou rápido. Há três anos atrás decidi dar tempo ao coração. Tempo para recuperar de tanta pancada. Tempo para olhar para cada cicatriz em si. Tempo para refletir.
Durante três anos, aprendi a estar sozinha, sem a companhia do amor. Aprendi a aproveitar o espaço vazio na cama. Aprendi que abraçar a almofada não é vergonha. Aprendi que no outono nem todas as folhas caem. Aprendi a dançar na chuva fria do inverno. A primavera mostrou-me a liberdade de caminhar sozinha e o verão...Bem o verão trouxe-me mais perto do mundo no qual posso ser feliz sozinha, Até que, ao fim de três anos, a vida achou que estaria na altura do coração sentir algo de novo, assim o destino colocou-te na minha vida, e nem dei por isso. Quis resistir. Tu quiseste resistir. Tentámos e falhámos. A química era explosiva. A cumplicidade única. A ligação era sobrenatural. Parecia que nos conhecíamos desde sempre.
Continuámos a resistir, até ficarmos isolados do mundo e olhámos um no outro e beijámo-nos. Nesse momento ficámos à nora com as sensações e sentimentos. Decidimos viver um dia de cada vez, sem promessas e sem sentimentos fortes. Que ingénuos. Cada momento juntos era diferente, mas igualmente único. Duas pessoas adultas, viravam crianças juntas. Ríamo-nos das coisas mais idiotas, falávamos de tudo e não tínhamos vergonha de chorar agarrados ao outro. Vi alguém forte de personalidade, a baixar as suas defesas comigo. Vi o coração cheio de bondade. Fui porto de abrigo. Fui caixinha de segredos, que guardarei até morrer. E sem dar por isso apaixonei-me. Apaixonei-me pela tua luz e pela tua escuridão. Vi em ti mais que um corpo, mais que uma aventura ou desafio, Vi em ti, um coração bom, alguém com quem podia ser eu mesma. Quando dei por mim, apaixonei-me. Disse-te. Ficaste sem reação. Disseste que não sabias se sentias o mesmo. Tudo seguiu igual.
Mas em tudo que fazias, em tudo que dizias, "Viraste minha vida do avesso e gosto", "Infinito" e forma como olhavas-me e tocavas, eu sabia que sentias o mesmo. Isso assustou-te.
Isso levou-te a afastares-te. Viraste costas a nós. Usaste frieza para me afastar. Magoaste-me para eu seguir noutro caminho, quando viste que só assim eu desistia.
Mas não antes de fazeres acreditar que não fui nem fomos um erro, que não te arrependias de nada, até te culpaste de me magoar. Depois foste viver a tua vida como se o nós nunca tivesse existido.  Hoje digo-te, a culpada sou eu, dei-te o poder para me magoares, a culpada por ter acreditado que te fazia feliz, por ter acreditado que era especial na tua vida, acreditado que podia ter-te para mim, culpada por ter teimado mesmo depois do fim. Mas hoje posso dizer que me libertei das amarras que me prendiam a ti, que se fui feliz sozinha, antes de ti, também o voltarei a ser depois de ti.
Hoje sei que não fomos um erro, mas se para ti foi tudo enterrado, então eu jogo tudo ao fundo do mar, para que a pureza de meu sentimento e as memórias guardadas numa caixinha se mantenham sempre. No coração estarás sempre presente como uma das mais belas cicatrizes. Começámos como se nos conhecêssemos desde sempre, partilhámos histórias e segredos e hoje falamos como se fossemos meros conhecidos, cada vez mais distantes. Mas não posso lutar por lugar na tua vida e permanecer como tua melhor amiga, se não me quiseres assim.  Assim volto à realidade. Volto à estrada que tomei há três anos atrás. Viajo com mais bagagem. Viajo sem destino conhecido. Mas prossigo viagem. Viajo sem saber se algum dia chegarei ao destino desconhecido. Mas sigo viagem. Esta é a minha maneira de iniciar a viagem, escrevendo.Talvez nos vejamos por aí, talvez como uma vez me disseste "When it's time for souls to meet, there's nothing on earth that can prevent them from meeting, no matter where each may be located on planet Earth.". 












Sem comentários: